Esquina

Foi ao dobrar a esquina. Uma lufada de vento dos Trópicos, prenúncio de temporal, e ela esbarra em mim com seus olhos perolados. Um susto! O dia vinha limpo, branco, iluminado e quente. Nada que indicasse reencontrar um fantasma ao virar a rua. Mas a cidade guarda suas surpresas. No vazio, sob o eco dos espigões, uma alma penada do passado mal curado, um gatuno que salta sobre a gente de bem como um tigre faminto. E o esbarrão anula as etiquetas que nos permite manter todas distâncias, físicas e simbólicas. Face a face não há fuga possível. A realidade tão longe, quase esquecida, se reinstala, soberana, à nossa frente, em nossa alma. E o corte da ferida volta a sangrar.
2 Comments:
Almas, tomadas de surpresa, não têm por onde escapar... É fatal!
É verdade, meu amigo!
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