Wednesday, November 07, 2007

Abraçando Joana



Meus níveis de testosterona entraram em ebulição ontem, depois que me deparei, cara a cara, com a bela Joana. Havia alguns séculos que não punha os meus olhos nos seus, amendoados e preguiçosos, que ela escondia por trás dos desnecessários óculos escuros... Ah! A vaidade feminina! Como sempre fazemos quando nos encontramos, demos um abraço de corpo inteiro, sem restrições nem pudores. Ficamos imóveis uma eternidade, enquanto nossos corpos se encaixavam lentamente, como se fossem duas metades que estavam perdidas no universo, à deriva.

No meio do mercado alheio ao nosso encontro, aderi ao seu ventre, graças ao esforço que ela fazia para se colocar nas pontas dos pés e me alcançar os olhos; seus seios esmagados pelo meu peito apertado de emoção. Senti aquela maciez colada em mim com profunda emoção e, mais atrás, o coração num compasso acelerado. Dei um cheiro em seus cabelos e pescoço com os olhos fechados, saboreando o encontro daquela mulher tão brejeira e lânguida. Tão tropical e mediterrânea. Por fim, um beijo em cada bochecha, estalado e úmido. Inteiro.



Foi um abraço que se situa na fronteira entre a cordialidade afetuosa e a intenção sensual, alimentada mais pelo que nos promete o futuro do que o passado que compartilhamos. Sempre nos encontramos com crescente afeto, que se funda numa promessa ainda não cumprida de uma experiência amorosa completa. E não me refiro apenas a sexo. Sexo também, mas não só. Por isso, nosso abraço traz essa marca difícil de decifrar. É um encontro cheio de entrelinhas, subjetivo e sensorial.

Depois conversamos, rosto e rosto na distância de nossa respiração, território de nosso afeto casual. Sempre fomos assim, de nos abraçarmos como amantes e depois deixarmos as coisas nas reticências, mas nunca na interrogação. “Te ligo!”, mentimos mutuamente. Mas é justamente a falsa promessa que evidencia da forma mais concreta o nosso amor eterno. Não sei que força poderosa é essa que nos atrai. Talvez sejamos um vinho de boa cepa, velho e frutuoso, que requer o tempo do respiro para ser apreciado propriamente. Por isso esperamos, à espreita, nas esquinas da cidade que compartilhamos, o momento de sorvermos um ao outro.

2 Comments:

Blogger Canto da Boca said...

"A falsa promessa que evidencia a forma mais concreta do nosso amor eterno". Talvez seja essa a verdadeira promessa, onde nenhum se sente enganado e nem cobrado para um próximo encontro. Em qualquer âmbito das relações. Virei mais vezes aqui.
;)

12:50 PM  
Blogger ipaco said...

Venha sim! Venha sempre!

7:19 AM  

Post a Comment

<< Home

mariposas: Abraçando Joana