Tuesday, May 06, 2008

Tato



Insinua-se sob os panos
Minha mão adentro
O vinho nos ajuda
Nos encobre o silêncio

Forço a elástica fibra
E, com os dedos cegos,
Na ponta, a mata sinto
Teu pudor, enfim, venço

Estendo meus domínios
Rapto, assim, a rainha
O calor orvalha o gesto
Para sempre me abismo

E antes que aflore
Da flora a vergonha
E o medo detenha o pulso
Tateio, leve, o lago

Sem ar, suplicas um ai
Que não diz sim ou não
Mas, no fim, te abres
Para meu mergulho

E quando penso que vou
Sou eu quem preso vira
Abres os olhos em mim
E, faminta, me engoles

Rio, 25 de abril de 2008.

2 Comments:

Blogger Canto da Boca said...

"E quando penso que vou
Sou eu quem preso vira
Abres os olhos em mim
E, faminta, me engoles"

Soberbo!
Viras preso e presa?

11:50 AM  
Blogger ipaco said...

Sim, talvez "presa" expresse melhor...

6:45 PM  

Post a Comment

<< Home

mariposas: Tato