Ciclo

Com preguiça, enrolo os dedos
nos cachinhos dos teus pelos
e deixo a tarde me atravessar.
No suor de nosso abraço
me deito ao sonho e me levas
no sortilégio de teu sorriso.
Chega o escuro e, no calor,
apuro, com cuidado, os sentidos,
atento ao tremor de tua pele.
Noite adentro, plena madrugada,
escorro no fundo do teu ventre,
brasa acesa do desejo.
E quando o dia, afinal, explode
num verão de cores quentes
eu, com ele, renasço suave
de morte ardente em teus braços.
Rio, dezembro de 2006